1 de fev. de 2012

De onde viemos, onde estamos e para onde vamos?

Este post provavelmente teria algumas páginas se fosse escrito com todos os detalhes, por isso coloquei tantos links e resumi ou omiti algumas informações que são interessantes mas melhores exploradas em um tópico futuro.

Nestas últimas semanas estive conversando com o Daniel Messias, e relembramos do projeto de animação que participei dos Tres Amigos, infelizmente este projeto não foi veiculado (apesar de ter sido exibido em alguns lugares) por um motivo bem simples: falta de cojones da Cartoon Network. Em poucas palavras, como muitos sabem a história de Los Tres Amigos não é nada "politicamente correta", então ele foi produzido tendo em vista sua veiculação no Adult Swim, porém no meio da produção a Cartoon Network cancelou esse espaço da programação por reclamação dos pais e pressão das outras emissoras (Nickelodeon, Discovery Kids...) que decidiram adotar uma postura mais "segura" de exibição de desenhos "infantis" (quantas aspas, propositalmente) para uma faixa etária menor e provavelmente senso crítico cada vez menos encorajado. O pior é que, não bastassse o ataque pela televisão, o Daniel também publicou alguns segmentos do projeto no YouTube, e um deles foi denunciado como sendo material impróprio e a conta corria o risco de ser desativada se houvesse outra denúncia.

O que eu acho problemático nisso não é só a questão da censura do politicamente correto e as campanhas hipócritas de "salvem as criancinhas", mas o fato de que essas atitudes, tanto por parte de uma minoria de público quanto de executivos de emissoras, acabam por minar as investidas de diversos diretores e artistas criando o que Amid Amidi (do Cartoon Brew) colocou como "The End of the Creator-Driven Era in Animation".

É engraçado ver como que essas crises e as épocas de grande prosperidade estão tão próximas, o que a maioria das pessoas considera como a Era de Ouro da animação (auge nas décadas de 30 e 40), com sua revolução tanto de meios técnicos quanto da linguagem (UPA sendo, na minha opinião, o melhor exemplo) também veio no mesmo período do advento da televisão, que causou a crise dos estúdios de animação que não sabiam como produzir para este novo meio e criou-se o padrão de qualidade da Hanna-Barbera (que tem seus méritos, mas isso em outra postagem)... e tudo isso para, só 50 anos depois, na década de 1990, ver ressurgir nessa mesma mídia uma revolução de conteúdo e forma (Genndy Tartakovsky, John Kricfalusi, David Feiss...).

Hoje em dia é até interessante pensar que talvez a internet, que até então parece não ter tido muito sucesso para produção própria (afinal, Happy Tree Friends e os outros programas de Mondo Mini Shows ainda estão bastante próximos em formato do que se tem para televisão ao invés de propor uma abordagem nova pensando na internet como uma mídia com suas próprias peculiaridades), pode ser a opção, se bem explorada, para uma renovação da animação ou, pelo menos, uma saída para produção independente e financeiramente sustentável.

E retomando a questão inicial de censura, hoje também é o lançamento do Comedy Central no Brasil, apesar de estar bastante desatualizado em relação aos programas ("crássicos" do esculacho americano como Married With Children e 3rd Rock From the Sun), eles exibirão o Drawn Together que é provavelmente o desenho mais "errado" já feito (e talvez por isso um dos meus preferidos).

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